As tentativas no Brasil de desestabilizar a normalidade democrático-eleitoral antes, durante e depois do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, pela estratégia de desmoralização da credibilidade técnica das urnas eletrônicas, pelos acampamentos contra a legalidade articulados nacionalmente na frente de quarteis, pelo terrorismo dos bloqueios praticado nas rodovias nacionais, mostram que a expressão “Estado Democrático de Direito” emerge como relevante, indicando ser expressão descritivo-normativa, socialmente protetora das liberdades constitucionais e não mera abstração conceitual para fins de cognição restrita ao âmbito acadêmico. No presente artigo queremos revisitar algumas caracterizações clássicas sobre Estado no contexto da tensão eleitoral no Brasil de 2022 partindo da hipótese segundo a qual liberalismo político e igualdade social não são posições práticas contraditórias, mas que podem ser interpretadas e praticadas como posições coletivas colaborativas e complementares. A questão, mesmo sendo antiga, emerge como urgente no contexto eleitoral brasileiro de 2022, de ameaça à legalidade eleitoral, sendo assim um artigo mais sobre a relevância e nuances atuais de um antigo e sempre novo tema, do que sobre o tema prático-teórico em si clássico.
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Mahsa Amini, o Irã e o Sistema Internacional: o que esperar?
A República Islâmica do Irã vem enfrentando uma série de protestos violentos e manifestações em diversas cidades contra o regime teocrático, desencadeados pela morte da jovem iraniana Mahsa Amini. Esse cenário de instabilidade interna iraniano, aumenta a crise de legitimidade que o governo vem sofrendo.
Política externa, Bolsonaro e quando o Bispo quase foi embaixador
A política externa nem sempre é um tema que senta à mesa de debates em anos eleitorais no Brasil. Religião, por sua vez, é central até mesmo quando não é citada diretamente. Dessa maneira, ambos os debates sempre ocuparam espaços diferentes na política brasileira; enquanto o primeiro sempre foi insular, o segundo nunca deixou de estar na ponta da agulha. Contudo, isso muda após as eleições de 2018, quando esses temas se encontram de maneira inusitada.
Novo relatório da ONU e a ainda controversa situação dos uigures na China
Os uigures, minoria étnica que vive no noroeste da China, em Xinjiang, voltaram a ser assunto de política internacional nas últimas semanas, quando a ONU publicou um relatório que acusa o governo chinês de violar direitos humanos em relação à população da região.
A Missão dos Estados Unidos Da América
Como os Estados Unidos se apropriou de elementos morais – como democracia e liberdade – como pilares únicos do seu país em uma missão de exportá-los para o mundo?
O ambíguo conceito de ‘fundamentalismo’ religioso
O rótulo fundamentalista é amplamente usado em reportagens religiosas, mas pode ser uma descrição simplista que sugere semelhanças entre grupos muito diferentes que abrangem tradições e gerações. É preciso considerar o surgimento histórico do rótulo na América protestante, seu uso difundido desde então e por que uma linguagem menos sucinta, mas mais precisa, deve ser usada ao descrever grupos religiosos.
Nacionalismo e Violência na Nigéria: muito além do Boko Haram
Antes de entender o Boko Haram, se faz necessário entender o contexto mais amplo da Nigéria. Trata-se de um país muito grande e diverso, e com muitas expressões religiosas para além do islã. Mais importante, a religião exerce um papel enorme no tecido social e nas relações na Nigéria. O norte é amplamente muçulmano, e o sul amplamente cristão, mas, obviamente, o cenário é muito mais complexo do que essa divisão binária. Entre os muçulmanos, há uma predominância sufista e salafista, mas também há pequenas comunidades xiitas. Há também minorias cristãs no norte. Mais ao sul, predominam o catolicismo e o anglicanismo. Também há islã no sul, e ao longo de todo país, há as várias expressões das religiões tradicionais - especialmente numa faixa central que eles chamam de Cinturão do Meio. á muitos conflitos violentos e tensões sociais na Nigéria. Normalmente eles são simplificados como puramente religiosos, mas, como o pesquisador deve perceber, tal simplificação nunca é verdade. Lá, as tensões também são manifestações de profunda desigualdade social e concentração de renda. Uma vez que, como apontado, a religião tem um papel importante, ela se mescla nos conflitos igualmente.
O Confucionismo e a Construção da Paz
O “Confucionismo” representa ensinamentos, práticas e padrões sociais historicamente diversos, desde a ortodoxia patrocinada pelo estado e imposta a uma série de escolas filosóficas, movimentos de escolas particulares e representações populares de acadêmicos e funcionários da literatura, pintura e drama. Todos esses, de uma forma ou de outra, remetem aos ensinamentos de Confúcio (551-479 aC),… Continuar lendo O Confucionismo e a Construção da Paz
Ciclo de Debates do CEPRIR
O Centro de Estudos em Política, Relações Internacionais e Religião tem o prazer de convidar a comunidade acadêmica, sociedade civil e interessados a acompanhar o Ciclo de Debates do CEPRIR. O Ciclo consiste em uma série de eventos online, que se estenderá de Julho a Novembro de 2020, e contará com a participação de pesquisadores… Continuar lendo Ciclo de Debates do CEPRIR
Observações sobre a relação da China com o Budismo Tibetano
A relação da República Popular da China com o budismo tibetano, está não apenas associado ao comunismo chinês, mas à relação de poder que a nação impõe sobre o Tibete ao longo da sua trajetória. Ao propor uma retratação histórica, o território foi conquistado pelos mongóis no século XIII e ocupado pelos chineses em 1720, na época da dinastia Qing. O País só alcançou a independência com a queda da dinastia Manchu e o fim do império chinês, em 1912, então governado pelo Dalai Lama e de autonomia interna e governo próprio, mas há controvérsias. Por vezes os chineses chegaram contestar que o Tibete nunca foi separado da nação, com o argumento de que antigos territórios do império chinês devem fazer parte da China continental.
