Opinião: Ao invés de somente culpar o Islã ou o colonialismo do Ocidente, sociedades muçulmanas deveriam praticar uma crítica auto-reflexão e desmantelar o “Estado ulemá” para verdadeiramente abordar os problemas políticos e socioeconômicos, escreve Ahmet T. Kuru - diretor do Centro de Estudos Islâmicos e Árabes e ex-professor de Ciência Política na San Diego State University.
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Crimes de Ódio e Islamofobia: Um Novo Cenário nos Estados Unidos?
O crime de ódio é um tema que constitui diversos ângulos, não se abstém de fatores históricos, muito menos de processos sociopolíticos, sequer das entrelinhas do fator cultural. Neste texto, abordamos o tema dos crimes de ódio, destacando a sua relação com fatores históricos, processos sociopolíticos e questões culturais. Referências como o livro "O Orientalismo", de Edward Said, nos ajudam a compreender a ficção construída em torno do Oriente Médio e a necessidade de evitar generalizações.
Mesa-redonda “Véus e vozes: Mulheres, Feminismo e Mudança Social no Islã”
O Centro de Estudos em Política, Relações Internacionais e Religião convida para a mesa-redonda "Véus e vozes: Mulheres, Feminismo e Mudança Social no Islã", a acontecer no dia 16 de Junho, em conferência online no canal do CEPRIR no YouTube. O evento contará com a participação das pesquisadoras O evento contará com a participação das seguintes pesquisadoras Aycha Sleiman (UFABC); Thaís Kierullf (PUC Minas) e Ana Gabriela Reis (PPGRI UEPB).
Mahsa Amini, o Irã e o Sistema Internacional: o que esperar?
A República Islâmica do Irã vem enfrentando uma série de protestos violentos e manifestações em diversas cidades contra o regime teocrático, desencadeados pela morte da jovem iraniana Mahsa Amini. Esse cenário de instabilidade interna iraniano, aumenta a crise de legitimidade que o governo vem sofrendo.
Novo relatório da ONU e a ainda controversa situação dos uigures na China
Os uigures, minoria étnica que vive no noroeste da China, em Xinjiang, voltaram a ser assunto de política internacional nas últimas semanas, quando a ONU publicou um relatório que acusa o governo chinês de violar direitos humanos em relação à população da região.
Para além das narrativas orientalistas: o que é o feminismo islâmico e qual seu propósito
Seria o Islã o responsável pela opressão das mulheres muçulmanas? Ou o papel que a religião islâmica ocupa social, política e religiosamente na vida dessas mulheres, seria uma consequência de ações predominantemente de homens à frente de estruturas políticas e religiosas em países islâmicos? E qual o lugar do Ocidente na construção da imagem das mulheres muçulmanas no mundo?
O ambíguo conceito de ‘fundamentalismo’ religioso
O rótulo fundamentalista é amplamente usado em reportagens religiosas, mas pode ser uma descrição simplista que sugere semelhanças entre grupos muito diferentes que abrangem tradições e gerações. É preciso considerar o surgimento histórico do rótulo na América protestante, seu uso difundido desde então e por que uma linguagem menos sucinta, mas mais precisa, deve ser usada ao descrever grupos religiosos.
Nacionalismo e Violência na Nigéria: muito além do Boko Haram
Antes de entender o Boko Haram, se faz necessário entender o contexto mais amplo da Nigéria. Trata-se de um país muito grande e diverso, e com muitas expressões religiosas para além do islã. Mais importante, a religião exerce um papel enorme no tecido social e nas relações na Nigéria. O norte é amplamente muçulmano, e o sul amplamente cristão, mas, obviamente, o cenário é muito mais complexo do que essa divisão binária. Entre os muçulmanos, há uma predominância sufista e salafista, mas também há pequenas comunidades xiitas. Há também minorias cristãs no norte. Mais ao sul, predominam o catolicismo e o anglicanismo. Também há islã no sul, e ao longo de todo país, há as várias expressões das religiões tradicionais - especialmente numa faixa central que eles chamam de Cinturão do Meio. á muitos conflitos violentos e tensões sociais na Nigéria. Normalmente eles são simplificados como puramente religiosos, mas, como o pesquisador deve perceber, tal simplificação nunca é verdade. Lá, as tensões também são manifestações de profunda desigualdade social e concentração de renda. Uma vez que, como apontado, a religião tem um papel importante, ela se mescla nos conflitos igualmente.
A relação da China com os uigures e o projeto da Nova Rota da Seda
A China, em toda sua grandiosidade territorial e populacional, é lar para mais de 50 etnias e, não podendo ser diferente, é um dos países mais culturalmente diversos do globo. Dentre essas etnias estão os uigures, mulçumanos que falam uma língua próxima ao turco e vivem, em sua maioria, em Xinjiang, uma região autônoma localizada no noroeste da China. [...] os últimos anos do século XX e os primeiros do século XXI foram marcados pelo acirramento das tensões na região. [...] A verdadeira caça às bruxas fez com que Xinjiang se tornasse uma das regiões mais vigiadas do mundo e o principal objetivo do governo chinês é apagar toda e qualquer forma de sentimento separatista e extremista que possa estar presente na sociedade uigur.
Resenha – “Uma História dos Povos Árabes”, de Albert Hourani
Essa obra seminal, elementar para qualquer estudioso do Oriente Médio, foi publicada pela primeira vez em 1991. Como fica claro desde o início da obra, seu relato de uma civilização inspira-se grandemente na obra de Ibn Khaldun [2], Muqaddimah. Permeando toda a obra de Hourani, está o conceito de asabiyya, ou seja, “um espírito corporativo voltado para a obtenção e manutenção do poder” (p.17). Nota-se que a coesão e existência do mundo árabe foi fruto de um poder que passara de governantes para os membros do próprio grupo, muitas vezes substituído por uma dinastia que continuaria a conduzir o poder de modo semelhante.
